Transtorno da conduta e comportamento anti-social



DEFINIÇÃO:

Introdução

Certos comportamentos, como mentir e matar aula, podem ser observados no curso do desenvolvimento normal de crianças e adolescentes. Para diferenciar normalidade de psicopatologia, é importante verificar se esses comportamentos ocorrem esporadicamente e de modo isolado ou se constituem síndromes, representando um desvio do padrão de comportamento esperado para pessoas da mesma idade e sexo em determinada cultura.

A literatura internacional aborda o tema do comportamento anti-social sob diferentes pontos de vista, levando em conta os aspectos legais (criminologia) e psiquiátricos. Do ponto de vista legal, a delinqüência implica em comportamentos que transgridem as leis. No entanto, como nem todas as crianças ou jovens anti-sociais transgridem as leis, o termo delinqüente ficou restrito aos menores infratores (definição legal). Os atos anti-sociais relacionados aos transtornos psiquiátricos são mais abrangentes e se referem a comportamentos condenados pela sociedade, com ou sem transgressão das leis do Estado.1

Com base em critérios diagnósticos internacionais, como os da última edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV2), observa-se que o comportamento anti-social persistente faz parte de alguns diagnósticos psiquiátricos. O transtorno da conduta (conduct disorder) e o transtorno desafiador de oposição (oppositional defiant disorder) são categorias diagnósticas usadas para crianças e adolescentes, enquanto o transtorno de personalidade anti-social (antisocial personality disorder) aplica-se aos indivíduos com 18 anos ou mais.

No presente artigo, serão apresentadas as principais características do transtorno da conduta, enfatizando seu diagnóstico, evolução e tratamento. Destacaremos os fatores associados ao comportamento anti-social na infância e adolescência com o objetivo de ampliar a visão do profissional de saúde mental sobre a família e a comunidade nas quais o paciente está inserido.


SOCIOPATA - PSICOPATA

Como geralmente são mais conhecidos pela sociedade, quero lembrar que esse texto é longo, entretanto interessante de ler é um resumo do texto original que o link segue abaixo, quero ainda lembrar que muitas pessoas que tem esse comportamento não se tornam serial Killer durante o decorrer de suas vidas, desenvolvem outros comportamentos antissociais, abusivos para satisfazer seus desejos sem culpas, porque eles não entendem esse tipo de sentimento, melhor dizendo nenhum tipo de sentimento:
Por exemplo: "Se questionarmos a um psicopata sobre o amor provavelmente sua resposta será voltada para o sexo genital. (Hipótese)”.
Existem estudos que mostram diferenças no funcionamento tanto no funcionamento da amigdala e hipocampo cerebral explicação desenho abaixo:


Amigdala

Pequena estrutura em forma de amêndoa, situada dentro da região Antero inferior do lobo temporal, se interconecta com o hipocampo, os núcleos septais, a área pré-frontal e o núcleo dorso-medial do tálamo. Essas conexões garantem seu importante desempenho na mediação e controle das atividades emocionais de ordem maior, como amizade, amor e afeição, nas exteriorizações do humor e, principalmente, nos estados de medo e ira e na agressividade. A amigdala é fundamental para a autopreservação, por ser o centro identificador do perigo, gerando medo e ansiedade e colocando o animal em situação de alerta, aprontando-se para se evadir ou lutar. A destruição experimental das amigdalas (são duas, uma para cada um dos hemisférios cerebrais) faz com que o animal se torne dócil, sexualmente discriminativo, afetivamente descaracterizado e indiferente às situações de risco. O estímulo elétrico dessas estruturas provoca crises de violenta agressividade. Em humanos, a lesão da amígdala faz, entre outras coisas, com que o indivíduo perca o sentido afetivo da percepção de uma informação vinda de fora, como à visão de uma pessoa conhecida. Ele sabe quem está vendo, mas não sabe se gosta ou desgosta da pessoa em questão.

Hipocampo

Está particularmente envolvido com os fenômenos de memória, em especial com a formação da chamada memória de longa duração (aquela que persiste, às vezes, para sempre). Quando ambos os hipocampos (direito e esquerdo) são destruídos, nada mais é gravado na memória. O indivíduo esquece, rapidamente, a mensagem recém-recebida. Um hipocampo intacto possibilita ao animal comparar as condições de uma ameaça atual com experiências passadas similares, permitindo-lhe, assim, escolher qual a melhor opção a ser tomada para garantir sua preservação.

Quanto na resposta do sistema nervoso autônomo PARASSIMPÁTICO segue explicação e desenho abaixo:

O Sistema Nervoso Autônomo é a seção do SN responsável por controlar as atividades das vísceras e demais órgãos que não possuem controle voluntário. É dividido em duas seções: SNA Simpático e SNA Parassimpático. O Simpático é responsável por preparar o organismo para situações de estresse e perigo, dando uma resposta imediata de fuga ou luta; já o Parassimpático é basicamente o contrário, regula o organismo para situações de repouso e controla a digestão.
Os neurônios do Simpático (pré-ganglionares) saem dos segmentos torço-lombares, enquanto que os do Parassimpático saem dos segmentos cefálio-sacrais.
No sistema simpático, depois que o nervo espinhal deixa o canal espinhal, as fibras pré-ganglionares deixam o nervo, e vão para um dos gânglios da cadeia simpática onde será feita a sinapse com um neurônio pós-ganglionar. Seus neurotransmissores são a Noradrenalina e a Adrenalina.
No sistema parassimpático, na maior parte das vezes, as fibras pré-ganglionares normalmente seguem initerruptamente, até o órgão que será controlado fazendo então sinapse com os neurônios Pós-ganglionares e seu neurotransmissor é Acetilcolina. Dessa maneira percebe-se que os neurônios Pré-ganglionares do simpático são curtos e os pós são longos, o contrário do que ocorre no Parassimpático.





E o que de tão importante mostram essas pesquisas, quando pessoas com comportamento antissocial são expostas a situações de estresse, susto, medo, seus batimentos cardíacos não se modificam bem não ocorre sudorese, aumento da pupila ou outro comportamento que ocorre nas pessoas que não tem esse transtorno de personalidade.
Acredito ser interessante colocar uma breve explicação do que ocorre com as pessoas sem esse tipo de transtorno diante de uma situação estressora:
O aumento dos hormônios de estresse, adrenalina, noradrenalina e cortisol causam mudanças no organismo:

1. Aumento da pressão arterial e frequência cardíaca, preparando o organismo para um exercício intenso;

2. As pupilas dilatam para receber a maior quantidade possível de luz; O importante não é o foco. Aqui, muito mais importantes são as variações mínimas de luz e sombra que podem definir um ataque, uma saída, algo que pode colocar o indivíduo em vantagem;

3. As artérias da pele e tecido subcutâneo se contraem (vasoconstrição) desviando o fluxo sanguíneo aos grupamentos musculares mais importantes (reação responsável pelo "calafrio" muitas vezes associado com o medo - há menos sangue na pele para mantê-lo aquecido); O indivíduo fica pálido;

4. O teor do suor se modifica; Esse suor associado à vasoconstrição periférica resulta na sudorese fria bastante conhecida nessas situações. Em situações de estresse, emitimos cheiros diferentes. Isso é usado como esquiva em muitos animais;

5. Há uma tonificação dos músculos, a pilo ereção ocorre quando pequenos músculos conectados a cada pêlo da superfície da pele tencionam, os fios são forçados para cima, puxando a pele com eles; Essa é uma resposta muito importante. Os animais com a pele recoberta de pelos ficam "arrepiados" dando a impressão que é maior e mais ameaçador. Animais como o porco-espinho, permitem que seus grossos e afiados pelos se desprendam, causando lesões em seus agressores;

6. O cérebro trabalha em ritmo acelerado. Não há prioridade em se concentrar em tarefas pequenas (deve-se concentrar apenas em sobreviver).

E foi a partir de pesquisas semelhantes com dados baseados nos conhecimentos dos componentes conhecidos pelos pesquisadores, grupos de pessoas com transtorno de personalidade antissocial foram colocadas diante de situações sendo avisadas que do iria ocorrer. Elas mantiveram controle em todos os seus aspectos fisiológicos, as demais não.




(Foto de Ted Bundy e resuminho da sua assombrosa história retirado da Wikipédia)
“Theodore Robert Cowell “Ted” Bundy (24 de novembro de 1946 – 24 de janeiro de 1989) foi um dos mais temíveis assassinos em série da história dos Estados Unidos da América durante a década de 1970”. Com uma infância perturbada, ele iniciou a sua carreira criminosa assassinando e estuprando as suas vítimas.
Era um homem charmoso, comunicativo, de conversa e palavras convincentes, que lhe ajudariam a seduzir e eliminar mulheres em uma matança desenfreada. [1][2] Foi preso e conseguiu fugir, dando continuidade em seus crimes na mesma noite em que escapara. Em 15 de janeiro de 1978, ele partiu em uma noite de chacina e matou duas meninas e feriu duas outras ao redor do Chi Ômega uma casa de república de mulheres em Tallahassee.
Ted Bundy foi levado a julgamento e condenado à pena de morte por eletrocussão. Os jurados demoraram apenas quinze minutos deliberando sobre o veredito. Executado em 24 de janeiro de 1989, Bundy ainda foi alvo de uma ironia no dia de sua morte: foi uma mulher que ligou a chave da cadeira elétrica que pôs fim a sua vida.
Metodologia e Preferências
Uma vez que ele atraía suas vítimas para a porta do carro, ele batia e as levava embora para reservadamente desfrutar de suas mortes. Ele preferia matar garotas bonitas de cabelo escuro do tipo chefe de torcida. Ele atacava suas presas com objetos rombudos e era fã de estuprar e morder suas vítimas.
Prisão
Ted se defendeu em julgamentos em Utah, Colorado e Flórida enquanto a polícia tentava reunir um rastro de meninas mortas que conduzissem a ele. Durante seus vários julgamentos, um Ted Bundy muito seguro de si se defendeu, recebendo elogios e uma legião de admiradoras. Depois de várias apelações Bundy foi eletrocutado pelo estado da Flórida em 1989. Para “sua última refeição ele pediu bife, ovos, pão e café.”.

A possibilidade de você já ter encontrado um em seu caminho é grande, pois pelas estatísticas da Organização Mundial da Saúde uma em cada 100 pessoas uma é sociopata em maior ou menor grau, 1% a 4% da população mundial.
O grande desafio é reconhecê-los, devido à capacidade de enganar com perfeição e dizer exatamente o que você quer ouvir, que eles possuem. Você só descobre que cruzou o caminho de um psicopata, após ter sido prejudicado por ele.
O que move um psicopata é: razão e vontade, ou seja, o que os move é satisfazer plenamente seus desejos.
Não existe o fato: sentimento
Os sociopatas exibem egocentrismo e um narcisismo patológico, baixa tolerância para frustração e facilidade de comportamento agressivo, falta de empatia com outros seres humanos.
Eles são geralmente cínicos, incapazes de manter uma relação e de amor negligenciam suas famílias e parentes.
"predadores intra-espécies que usam charme, manipulação, intimidação e violência para controlar os outros e para satisfazer suas próprias necessidades. Em sua falta de consciência e de sentimento pelos outros, eles tomam friamente aquilo que querem, violando as normas sociais sem o menor senso de culpa ou arrependimento."
Os próprios sociopatas se descrevem como "predadores" e sentem orgulho disto. O psicopata é incapaz de aprender com a punição ou de modificar seu comportamento
O indivíduo sociopata não apresenta sintomas de outras doenças mentais, tais como neuroses, alucinações, delírios, irritações ou psicoses. Eles apresentam um comportamento tranquilo quando interagem com a sociedade, geralmente possui uma considerável presença social e boa fluência verbal. Não são incomum, eles se tornarem líderes sociais de seus grupos. Muito poucas pessoas, mesmo após um contato duradouro com o sociopata, são capazes de imaginar o seu "lado negro", o qual a maioria dos sociopatas é capaz de esconder com sucesso durante sua vida inteira, levando a uma dupla existência.
O mais comum é o tipo parasita: aquele que se dedica a atormentar e dar golpes em suas vítimas sem nunca atentar fisicamente contra elas. Políticos corruptos, líderes autoritários, pessoas agressivas e que abusam da sua confiança, etc... Uma característica comum aos sociopatas é a de usarem sistematicamente a enganação e manipulação de outros visando ganhos pessoais. Um estudo epidemiológico do NIMH (National Institute of Mental Health) registrou que somente 47% daqueles que eram sociopatas tinham uma história de processo criminal significativo. O mais comum para estes são problemas no trabalho, violência doméstica, tráfico e dificuldades conjugais severas. Normalmente os indivíduos com este distúrbio de personalidade são ciumentos, possessivos, irritáveis, argumentadores e intimidadores. Seu comportamento frequentemente é rude, imprevisível e arrogante.

http://www.mocadosonho.com/2009/07/os-psicopatas-estao-entre-nos-cuidado.html

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DSM-IV
F60. 2 - 301.7 - PERSONALIDADE ANTI-SOCIAL - DSM.IV

Outros tipos de Transtornos de Personalidade do DSM.IV
Transtorno da Personalidade Paranóide
Transtorno da Personalidade Esquizóide
Transtorno da Personalidade Esquizotípica
Transtorno da Personalidade Antissocial
Transtorno da Personalidade Borderline
Transtorno da Personalidade Histriônica
Transtorno da Personalidade Narcisista
Transtorno da Personalidade Esquiva
Transtorno da Personalidade Dependente
Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsiva
Veja um a um nessa classificação

Características Diagnósticas
A característica essencial do Transtorno da Personalidade Antissocial é um padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos outros, que inicia na infância ou começo da adolescência e continua na idade adulta.

Este padrão também é conhecido como psicopatia, sociopata ou transtorno da personalidade dissocial. Uma vez que o engodo e a manipulação são aspectos centrais do Transtorno da Personalidade Antissocial, pode ser de especial utilidade integrar as informações adquiridas pela avaliação clínica sistemática com informações coletadas a partir de fontes colaterais.
Para receber este diagnóstico, o indivíduo deve ter pelo menos 18 anos (Critério B) e ter tido uma história de alguns sintomas de Transtorno da Conduta antes dos 15 anos (Critério C).

O Transtorno da Conduta envolve um padrão de comportamento repetitivo e persistente, no qual ocorre violação dos direitos básicos dos outros ou de normas ou regras sociais importantes e adequadas à idade. O comportamento específico característicos do Transtorno da Conduta ajusta-se a uma dentre quatro categorias: agressão a pessoas e animais, destruição de propriedade, defraudação ou furto, ou séria violação de regras.

O padrão de comportamento antissocial persiste pela idade adulta. Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Antissocial não se conformam às normas pertinentes a um comportamento dentro de parâmetros legais (Critério A1). Eles podem realizar repetidos atos que constituem motivo de detenção (quer sejam presos ou não), tais como destruir propriedade alheia, importunar os outros, roubar ou dedicar-se à contravenção.

As pessoas com este transtorno desrespeitam os desejos, direitos ou sentimentos alheios. Frequentemente enganam ou manipulam os outros, a fim de obter vantagens pessoais ou prazer (por ex., para obter dinheiro, sexo ou poder) (Critério A2). Podem mentir repetidamente, usar nomes falsos, ludibriar ou fingir. Um padrão de impulsividade pode ser manifestado por um fracasso em planejar o futuro (Critério A3).

As decisões são tomadas ao sabor do momento, de maneira impensada e sem considerar as consequências para si mesmo ou para outros, o que pode levar a mudanças súbitas de empregos, de residência ou de relacionamentos. Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Antissocial tendem a ser irritáveis ou agressivos e podem repetidamente entrar em lutas corporais ou cometer atos de agressão física (inclusive espancamento do cônjuge ou dos filhos) (Critério A4).

Os atos agressivos cometidos em defesa própria ou de outra pessoa não são considerados evidências para este quesito. Esses indivíduos também exibem um desrespeito imprudente pela segurança própria ou alheia (Critério A5), o que pode ser evidenciado pelo seu comportamento ao dirigir (excesso de velocidade recorrente, dirigir intoxicado, acidentes múltiplos). Eles podem engajar-se em um comportamento sexual ou de uso de substâncias com alto risco de consequências danosas. Eles podem negligenciar ou deixar de cuidar de um filho, de modo a colocá-lo em perigo.

Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Antissocial também tendem a ser consistente e extremamente irresponsáveis (Critério A6).

O comportamento laboral irresponsável pode ser indicado por períodos significativos de desemprego apesar de oportunidades disponíveis, ou pelo abandono de vários empregos sem um plano realista de conseguir outra colocação. Pode também haver um padrão de faltas repetidas ao trabalho, não explicadas por doença própria ou na família.

A irresponsabilidade financeira é indicada por atos tais como inadimplência e deixar regularmente de prover o sustento dos filhos ou de outros dependentes. Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Antissocial demonstram pouco remorso pelas consequências de seus atos (Critério A7). Eles podem mostrar-se indiferentes ou oferecer uma racionalização superficial para terem ferido, maltratado ou roubado alguém (por ex., "a vida é injusta", "perdedores merecem perder" ou "isto iria acontecer de qualquer modo").

Esses indivíduos podem culpar suas vítimas por serem tolas impotentes ou por terem o destino que merecem; podem minimizar as consequências danosas de suas ações, ou simplesmente demonstrar completa indiferença. Estes indivíduos em geral não procuram compensar ou emendar sua conduta. Eles podem acreditar que todo mundo está aí para "ajudar o número um" e que não se deve respeitar nada nem ninguém, para não ser dominado.

O comportamento antissocial não deve ocorrer exclusivamente durante o curso de Esquizofrenia ou de um Episódio Maníaco (Critério D).

Características e Transtornos Associados
Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Antissocial frequentemente não possuem empatia e tendem a ser insensíveis e cínicos e a desprezar os sentimentos, direitos e sofrimentos alheios. Eles podem ter uma autoestima enfatuada e arrogante (por ex., achar que um trabalho comum não está à sua altura, ou não ter uma preocupação realista com seus problemas atuais ou seu futuro) e podem ser excessivamente opiniáticos, autossuficientes ou vaidosos.

Eles podem exibir um encanto superficial e não sincero, ser bastante volúveis e ter facilidade com as palavras (por ex., usar termos técnicos ou jargão capazes de impressionar alguém não familiarizado com o assunto). Falta de empatia, autoestima enfatuada e encanto superficial são aspectos habitualmente incluídos nos conceitos tradicionais de psicopatia e podem ser particularmente distintivos do Transtorno da Personalidade Antissocial em contextos forenses ou penitenciários, onde atos criminosos, delinquentes ou agressivos tendem a ser inespecíficos.

Esses indivíduos podem também ser irresponsáveis e exploradores em seus relacionamentos sexuais. Eles podem ter uma história de múltiplos parceiros sexuais, sem jamais ter mantido um relacionamento monogâmico.

Essas pessoas podem ser irresponsáveis na condição de pai ou mãe, o que se evidencia por desnutrição ou doença em um filho, resultante da falta de cuidados mínimos de higiene, filhos dependendo de vizinhos ou parentes para obter alimento e abrigo, deixar de conseguir alguém para cuidar de um filho pequeno quando o indivíduo está fora de casa, ou repetido esbanjamento do dinheiro necessário para as necessidades domésticas.

Esses indivíduos podem dar baixa com desonra das forças armadas, podem não conseguir se sustentar, podem empobrecer a ponto de não ter onde morar, ou passar muitos anos em instituições penais. Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Antissocial estão mais propensos do que as outras pessoas na população geral a morrer prematuramente por meios violentos (por ex., suicídio, acidentes e homicídios).

Os indivíduos com este transtorno também podem experimentar disporia, incluindo queixas de tensão, incapacidade de tolerar o tédio e humor deprimido. Eles podem ter, em associação, Transtornos de Ansiedade, Transtornos Depressivos e Transtornos Relacionados a Substâncias, Transtorno de Somatização, Jogo Patológico e outros transtornos do controle dos impulsos.

Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Antissocial também têm, frequentemente, características de personalidade que satisfazem os critérios para outros Transtornos da Personalidade, particularmente Transtorno da Personalidade Borderline, Histriônica e Narcisista.

A probabilidade de desenvolver um Transtorno da Personalidade Antissocial na vida adulta é maior, se o indivíduo teve precocemente um Transtorno da Conduta (antes dos 10 anos de idade) e um Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade concomitante.

Abuso ou negligência dos filhos, cuidados parentais instáveis ou erráticos ou disciplina parental inconsistente podem aumentar a probabilidade de que o Transtorno da Conduta evolua para um Transtorno da Personalidade Antissocial.

Características Específicas à Cultura, à Idade e ao Gênero
O Transtorno da Personalidade Antissocial parece estar associado com baixa situação socioeconômica e contextos urbanos. Foram levantadas considerações de que o diagnóstico poderia ser aplicado incorretamente, em alguns casos, em contextos nos quais um comportamento aparentemente antissocial pode fazer parte de uma estratégia protetora de sobrevivência. Ao avaliar os traços antissociais, é importante considerar o contexto socioeconômico no qual os comportamentos ocorrem.

Por definição, o Transtorno da Personalidade Antissocial não pode ser diagnosticado antes dos 18 anos. O Transtorno da Personalidade Antissocial é muito mais comum em homens do que em mulheres. Tem havido alguma preocupação de que o Transtorno da Personalidade Antissocial possa ser sub diagnosticado em mulheres, particularmente em razão da ênfase dada aos componentes agressivos, na definição do Transtorno da Conduta.

Prevalência
A prevalência geral do Transtorno da Personalidade Antissocial em amostras comunitárias é de cerca de 3% em homens e 1% em mulheres.

As estimativas de prevalência em contextos clínicos têm variado de 3 a 30%, dependendo das características predominantes das populações amostradas. Taxas de prevalência ainda maiores estão associadas aos contextos de tratamento de abuso de substâncias e contextos forenses ou penitenciários.

Curso
O Transtorno da Personalidade Antissocial tem um curso crônico, mas pode tornar-se menos evidente ou apresentar remissão à medida que o indivíduo envelhece, particularmente por volta da quarta década de vida.

Embora esta remissão apresente uma propensão a ser particularmente evidente com relação a envolver-se em comportamentos criminosos, é provável que haja uma diminuição no espectro total de comportamentos antissociais e uso de substâncias.

Padrão Familial
O Transtorno da Personalidade Antissocial é mais comum entre os parentes biológicos em primeiro grau de indivíduos com o transtorno do que na população geral. O risco dos parentes biológicos de mulheres com o transtorno tende a ser maior do que para os parentes biológicos de homens com o transtorno.

Os parentes biológicos das pessoas com este transtorno também estão em maior risco para Transtorno de Somatização e Transtornos Relacionados a Substâncias. Dentro de uma família com um membro que apresenta Transtorno da Personalidade Antissocial, os homens têm, com maior frequência, Transtorno da Personalidade Antissocial e Transtornos Relacionados a Substâncias, enquanto as mulheres têm, com maior frequência, Transtorno de Somatização. Entretanto, nessas famílias, existe um aumento na prevalência de todos esses transtornos, tanto em homens quanto em mulheres, em comparação com a população geral.

Os estudos de adoções indicam que fatores genéticos e ambientais contribuem para o risco deste grupo de transtornos. Os filhos tanto adotivos quanto biológicos de pais com Transtorno da Personalidade Antissocial têm um risco aumentado para o desenvolvimento de Transtorno da Personalidade Antissocial, Transtorno de Somatização e Transtornos Relacionados a Substâncias.

Os filhos dados para adoção assemelham-se mais a seus pais biológicos do que a seus pais adotivos, mas o ambiente da família adotiva influencia o risco do desenvolvimento de um Transtorno da Personalidade e psicopatologia correlata.

Diagnóstico Diferencial
O diagnóstico de Transtorno da Personalidade Antissocial não é dado a indivíduos com menos de 18 anos, e apenas é dado se existe uma história de alguns sintomas de Transtorno da Conduta antes dos 15 anos. Para indivíduos com mais de 18 anos, um diagnóstico de Transtorno da Conduta somente é dado se não são satisfeitos os critérios para Transtorno da Personalidade Antissocial.

Quando o comportamento antissocial em um adulto está associado com um Transtorno Relacionado à Substância, o diagnóstico de Transtorno da Personalidade Antissocial não é feito, a menos que os sinais de Transtorno da Personalidade Antissocial também tenham estado presentes na infância e tenham continuado até a idade adulta.

Quando o uso de substâncias e o comportamento antissocial iniciaram na infância e continuaram até a idade adulta, tanto um Transtorno Relacionado à Substância quanto um Transtorno da Personalidade Antissocial devem ser diagnosticados se os critérios para ambos são satisfeitos, embora alguns atos antissociais possam ser uma consequência do Transtorno Relacionado à Substância (por ex., venda ilegal de drogas ou furtos a fim de obter dinheiro para comprar drogas). O comportamento antissocial que ocorre exclusivamente durante o curso de Esquizofrenia ou Episódio Maníaco não deve ser diagnosticado como Transtorno da Personalidade Antissocial.

Outros Transtornos da Personalidade podem ser confundidos com o Transtorno da Personalidade Antissocial, por terem certas características em comum, de modo que é importante distinguir entre esses transtornos, com base nas diferenças em seus aspectos característicos.

Entretanto, se um indivíduo apresenta características de personalidade que satisfazem os critérios para um ou mais Transtornos da Personalidade além do Transtorno da Personalidade Antissocial, todos podem ser diagnosticados. Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Antissocial e Transtorno da Personalidade Narcisista compartilham uma tendência a serem insensíveis, volúveis, superficiais, exploradores e destituídos de empatia.

Entretanto, o Transtorno da Personalidade Narcisista não inclui características de impulsividade, agressividade e engodo. Além disso, os indivíduos com Transtorno da Personalidade Antissocial podem não necessitar tanto da admiração e da inveja dos outros, e as pessoas com o Transtorno de Personalidade Narcisista geralmente não possuem uma história de Transtorno da Conduta na infância ou comportamento criminoso na idade adulta.

Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Antissocial e Transtorno da Personalidade Histriônica compartilham uma tendência para a impulsividade, superficialidade e busca de excitação, sedução, irresponsabilidade e manipulação, mas as pessoas com Transtorno da Personalidade Histriônica tendem a ser mais exageradas em suas emoções e não se envolvem, caracteristicamente, em comportamentos antissociais. Os indivíduos com Transtornos da Personalidade Borderline e Histriônica manipulam para obter apoio, enquanto aqueles com Transtorno da Personalidade Antissocial manipulam para obter vantagens pessoais, poder ou alguma outra gratificação material.

Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Antissocial tendem a apresentar menor instabilidade emocional e maior agressividade do que aqueles com Transtorno da Personalidade Borderline. Embora o comportamento antissocial possa estar presente em alguns indivíduos com Transtorno da Personalidade Paranoide, ele geralmente não é motivado por um desejo de obter vantagens pessoais ou de explorar os outros, como no Transtorno da Personalidade Antissocial, mas é mais frequentemente devido a um desejo de vingança.

O Transtorno da Personalidade Antissocial deve ser distinguido do comportamento criminoso visando a ganhos financeiros, que não é acompanhado pelos aspectos de personalidade característicos do transtorno. O Comporta (listado na seção) "Outras Condições que Podem ser Foco de Atenção Clínica", pode ser usado para descrever um comportamento criminoso, agressivo ou de outro modo antissocial, que chega à atenção clínica, mas não satisfaz todos os critérios para Transtorno da Personalidade Antissocial.
Os traços de personalidade antissocial constituem um Transtorno da Personalidade Antissocial apenas quando são inflexíveis, mal adaptativos e persistentes e causam prejuízo funcional significativo ou sofrimento subjetivo.


Critérios Diagnósticos para F60. 2 - 301.7 Transtornos da Personalidade Antissocial
A. Um padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos outros, que ocorre desde os 15 anos, como indicado por pelo menos três dos seguintes critérios:
 (1) fracasso em conformar-se às normas sociais com relação a comportamentos legais, indicado pela execução repetida de atos que constituem motivo de detenção
 (2) propensão para enganar, indicada por mentir repetidamente, usar nomes falsos ou ludibriar os outros para obter vantagens pessoais ou prazer
 (3) impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro
 (4) irritabilidade e agressividade, indicadas por repetidas lutas corporais ou agressões físicas
 (5) desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia
 (6) irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido fracasso em manter um comportamento laboral consistente ou honrar obrigações financeiras
 (7) ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado ou roubado outra pessoa
B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade.
C. Existem evidências de Transtorno da Conduta com início antes dos 15 anos de idade.
D. A ocorrência do comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de Esquizofrenia ou Episódio Maníaco.


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