Setembro Amarelo. Não se mate, eu acredito em você. A prevenção ao suicídio!




A morte por suicídio ocupa a terceira posição entre as causas mais freqüentes de falecimento na população de 14 a 44 anos em alguns países. Estima-se que as tentativas sejam 20 vezes mais freqüentes que os suicídios consumados. Os homens cometem mais suicídio, e as mulheres fazem mais tentativas. Os transtornos mentais estão associados com cerca de 90 por cento dos casos de suicídio, sendo de maior incidência os transtornos do humor, relacionados a substâncias, da personalidade e esquizofrênicos. Histórias de violência física e/ou sexual, negligência, rejeição e luto são eventos adversos de vida muito associados ao suicídio. Os eventos precipitadores do comportamento suicida mais comuns são a existência de graves conflitos relacionais e perdas interpessoais significativas. A decisão de tirar a própria vida é, em muitos casos, tomada pouco tempo antes da tentativa, sugerindo impulsividade. Há evidências de que a restrição do acesso a métodos letais diminui a incidência de suicídio.(AU).

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Neste livro escrevo sobre uma experiência que faz parte de meu dia-a-dia, tanto no hospital universitário quanto no consultório: atender pacientes em crise suicida. Com isso, espero que a sistematização dessa experiência, no formato de um livro, possa contribuir para o aprimoramento da clínica. Faço, também, um apanhado dos percursos e desafios dos quais participei numa área onde se dão, no Brasil, os primeiros passos: a prevenção do suicídio.
A temática do suicídio está aberta a diferentes visões e a várias ciências. Devido à sua natureza dilemática, complexa e multidimensional, não há uma maneira única de olhar ou abordar o problema. O referencial teórico aqui apresentado, eclético, visa incentivar o leitor a refletir e a eleger o que mais se adéqua à sua prática e à condição única de seu paciente.
 A crise pode ser tão dolorosa, quanto potencialmente útil, variando com a gravidade daquilo que ela afeta ou põe em causa. O significado de um acontecimento, de uma situação inesperada, precisa ser encontrado e integrado na história do sujeito, incorporando-se a uma nova perspectiva de vida.
A crise pode levar ao colapso existencial, com vivências de angústia e desamparo, de incapacidade e esgotamento, de falta de perspectiva de solução, um não encontrar saída. Se ultrapassar a capacidade pessoal de reação e de adaptação, pode aumentar a vulnerabilidade para o suicídio, que passa a ser visto como solução única para uma situação insuportável.
A palavra suicídio é conhecida desde o século XVII. As várias definições de suicídio costumam conter uma ideia central, mais evidente, ligada ao ato de terminar com a própria vida, juntamente com ideias periféricas, menos evidentes, relacionadas à motivação, à intencionalidade e à letalidade.
Na crise suicida há a exacerbação de uma doença mental existente, ou a turbulência emocional que, sucedendo a um acontecimento doloroso, é vivenciada como um colapso existencial. Ambas as situações provocam dor psíquica intolerável e, em consequência pode surgir o desejo de interrompê-la por meio da cessação do viver.
A capacidade do paciente de manter o controle sobre sua vida torna-se nula ou muito reduzida. É assim que vem, ou geralmente é trazido, ao psiquiatra. Então, é esse profissional quem deve assumir, temporariamente, o controle da crise, valendo-se de vários recursos: acolhe o paciente e o mantém em segurança, convoca e orienta a família, indica uma internação hospitalar ou domiciliar, prescreve psicofármacos, encaminha ou já inicia uma psicoterapia de crise, bem como ativa outras fontes de apoio.
Trechos do capítulo Magnitude
Nos últimos sessenta anos, os índices de suicídio vieram aumentando, até que decresceram a partir de meados da década de 1990. Entre os anos de 2000 e 2012, dentre os 172 países que enviam seus dados sobre suicídio para a Organização Mundial da Saúde (OMS), em apenas 29 (17%), observou-se elevação de tais índices.
No Brasil, o coeficiente médio de mortalidade por suicídio foi de 5,8 mortes para cada 100 mil habitantes, em 2012, segundo estimativa da OMS.
Um coeficiente nacional de mortalidade por suicídio é uma média. Por isso, deixa de revelar as importantes variações segundo regiões geográficas e grupos humanos. Estudos epidemiológicos realizados nas duas últimas décadas mostram taxas mais elevadas nas regiões Sul e Centro-Oeste, em cidades de pequeno e de médio porte populacional, em homens, em idosos e em indígenas.
O coeficiente de mortalidade por suicídio no Brasil pode ser considerado relativamente baixo, quando comparado ao de outros países. A despeito disso, por sermos um país populoso, ocupamos o oitavo lugar entre os que registram os maiores números de mortes por suicídios. Em 2012 houve 11.821 suicídios oficialmente registrados no país, o que representa, em média, 32 mortes por dia.
Trecho do capítulo Entendimentos
Um modelo de entendimento da suscetibilidade ao suicídio inclui a participação de uma propensão biológica, movida pela genética, combinada a fatores ambientais. Alguns componentes desse modelo têm sido objeto de intensa investigação científica: traços impulsivo/agressivos, experiências traumáticas na infância (notadamente privação materna e abuso físico), desamparo, pessimismo, carência de apoio social, rigidez cognitiva, prejuízo na capacidade de solução de problemas e acesso a meios letais.
Um transtorno psiquiátrico, dentre os quais se destaca a depressão, está presente em mais de 90% dos casos de suicídio, de acordo com estudos retrospectivos realizados nos Estados Unidos e Europa. Ambos, depressão e suicídio, podem ocorrer como resposta anormal a acontecimentos estressantes.
Edwin Shneidman, psicólogo norte-americano, é considerado o pai da Suicidologia. Baseando-se tanto em um referencial psicodinâmico quanto cognitivo, cunhou o neologismo psychache (dor da alma, dor psíquica) para denominar o estado de alguém que esteja prestes a se matar. Trata-se de uma dor intolerável, vivenciada como uma turbulência emocional interminável, uma sensação angustiante de estar preso em si mesmo, sem encontrar saída.
Nessa condição, a combinação de desespero e desesperança leva à necessidade de um alívio rápido: cessação da consciência para interromper a dor psíquica. Na crise suicida, o estado de construção cognitiva não permite um leque de opções de ação para enfrentar os problemas.
Se de início a ideia de se matar parece alheia e perigosa, causando ansiedade, aos poucos, pode adquirir estrutura autônoma e tranquilizadora (alívio de tensão) e passa a ser tolerada e bem-vinda. A situação agrava-se dramaticamente quando a pessoa tem pouca flexibilidade para enfrentar adversidades e propensão à impulsividade.

Valorize a sua vida, eu me importo com você.
Procure ajuda profissional.
Psicóloga Sônia Furlanetto.



trecho retirado do site: rebraps/

Aqui. Usp: REVISTA.

 C.V.V.


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