CRESCER






Tive uma boa infância e adolescência, algo que realmente não posso reclamar, provavelmente como muitos da minha geração e as seguintes não tiveram.
Sempre estudei em boas escolas, fiz o que era raro jardim e pré e fiz tanto o primeiro o segundo e os dois primeiros anos do magistério num mesmo colégio. Tenho boas lembranças dessa época, tanto que eu fui convidada para fazer parte do primeiro grupo dos ex-alunos do colégio.
Brinquedos tive muitos e de boa qualidade, todos que eu pedia eu ganhava, tudo bem que era no meu aniversário, uma semana antes do dia das crianças e natal, mesmo só eu e meus pais eu me divertia muito no natal, as vezes passavam conosco nossos primos, que depois de alguns anos mudaram para Rio Claro, cidade onde moravam muitos dos nossos parentes. Dia 25 aquela festa, eu recebia meus presentes e a festa era na casa da minha avó, que nós os netos a chamávamos de vovó, eu, meus pais, minhas tias e meus primos, era mesmo muito boas essas festas de confraternização em família.
Em frente à casa da minha avó moravam duas amigas que também conheço desde sempre, a Tânia e a Miriam com elas eu também brincava e me diverti muito, somos amigas e comadres.
E em casa a Deise que eu sempre a chamei de Tatinha até hoje, pois bem, eu e a Tatinha foi sempre uma história de brincadeiras, lembro-me que ela sempre era a esposa do Roberto Carlos nas brincadeiras, adorava ele, adorava as musicas, isso ela tinha em comum com a Miriam, assim como as Susis que também gostava.
Nossas brincadeiras eram basicamente de casinha e com as nossas bonecas, o meu lado moleque eu deixava para brincar com meus primos, aquelas coisas de carrinhos de rolimã, bola, enfim aquela correria que volta e meia levávamos um pega da vovó.
A Tatinha ia mais eu casa que eu na casa dela, a mãe dela era mais generosa nesse ponto, meus pais eram medrosos e não gostavam muito que eu saísse de casa.
Com a Solange as brincadeiras eram mais de comidinha, e ela era sempre a mais bonita que se vestia melhor... RS! Segundo opinião dela.
Eu e as meninas crescemos nos tornamos adolescentes, a Miriam começou a namorar com 13 anos, me avisou que estava namorando e que por isso nós duas não poderíamos mais brincar, fiquei arrasada e com raiva do namorado dela.
A Tatá não demorou mais, chegamos a trabalhar juntas na RILCOS no Depto de compras, íamos às baladas juntas, eu só a cada 15 dias, imposição dos meus pais, mas pelo menos íamos, ela era a minha confidente, eu falava sobre a minha vida, trocávamos segredos, éramos próximas.
Descobrimos juntas que era chique ser inteligente, fundamental trabalhar e estudar, ter jóias e perfumes importados, viajar...
Mas meu pai fez um mau negócio e foi necessário mudarmos de casa, foi quando pela primeira vez fiquei longe da minha amiga, mas mesmo assim nos falávamos por telefone e nos visitávamos, mas também comecei a namorar e ai as coisas mudam, ela ficou noiva, eu também fiquei, comecei a resolver as questões do meu casamento e a bela surpresa foi quando mencionei que me casaria, e soube que ela iria se casar uma semana antes que nós se tivéssemos combinado não teria dado tão certo. Assim como ela voltou antes de completar a sua lua de mel para a cerimônia do meu casamento, eu parei os preparativos para ir ao casamento dela, e olha... chorei tudo no casamento da Deise, tudo que eu não chorei no meu.
Os anos se passaram, nos encontramos algumas vezes, e nos comunicávamos por telefone, até eu me mudar para Mogi roubarem meu celular e eu perder o contato com as minhas amigas no meio desse ano. Eu e a Deise nos falamos via internet e não tive tempo de contar a ela os problemas que eu estava vivendo por aqui, não tive tempo mesmo...
Sexta-feira passada acordei estranha, triste demais e mandei a seguinte mensagem para o meu marido:
“Não me sinto bem, além do mal estar físico, estou muito deprimida hoje... Preciso de algo que me faça voltar a ter energia.” 24.10.2008 as 09h43minm.
No mesmo dia também mandei outra mensagem a uma pessoa conhecida, mencionando que era hora de eu me manter mais intropectiva, mas que a falta dos amigos era grande. Continuei assim sexta-feira, não dormi a noite toda só adormeci no sábado depois das 10h00minh da manhã.
Passei um sábado esquisito, pouco falei com as pessoas, era como se eu tivesse mal humorada, dei uma surtada à noite, até adormecer e no meio da madrugada meu marido perceber que meu corpo estava sendo sacudido na cama, empurrado, ele acordou com isso, e logo que levantamos recebemos a terrível noticia da trágica morte da minha amiga.
Sei também que as pessoas ficaram horas tentando me localizar, meus telefones mudaram e eu não consegui passar para os meus amigos, não tinha mais a agenda de telefones.
Mas conseguiram me localizar, apesar de estar inconformada com isso e não entender esses desígnios.

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